“Quero sair sem tomar o café da manhã, sem falar, sem que ninguém note minha saída. Tenho a boca amarga, os músculos rígidos, a cabeça pesada. Nem mesmo tenho vontade de falar com Gustavo. Mas ele vai aparecer. Nossos breves diálogos matinais se transformaram em nossa única conversa. Estou cansado. De que? É uma pena. É uma pena que o céu esteja limpo, que sopre um vento tão agradável, que o mar esteja tranquilo. Pensar que estamos em pleno abril e já faz três dias que se mantém essa temperatura de verão. É uma pena. Hoje eu necessitava de um céu cinzento. Se eu pudesse desanimar a paisagem… Mas não posso.” (Mario Benedetti – Gracias por el fuego, página 161).